Alças voo sem que eu explique o que foi aquilo. Aquilo que não digo. Aquilo que nem sei por que sinto.
Sinto.
Lá fora a chuva cai sem esperança de que algo vingue. No imo peito vingo-me por não ter te olhado mais longamente, por não ter me agarrado como picão na tua aura cor de nuvem e nela voado um pouco mais.
Cada minuto que reclama é uma gota a menos de ar nos pulmões; e, assim, o céu vai murchando. Você mais longe. Longe mais perto da lembrança que não foge. E não finjo o sorriso que te dei e o vermelho que manchou meu rosto. Minha boca já salivava tua música, aquela que antecede a dança descompassada das gaitas, resultado de um roteiro improvisado e sem compromisso.
Lá fora a chuva já não cai, e minha angústia é só mais uma em mil... Por não ter nascido antes de Halley e porque no dia em que picavas legumes eu não te encontrei no corredor daquela árvore. Meu apartamento era o 203!
E agora que eu te encontro, você escapa. E o cosmos ri de mim pela segunda vez. E eu rio desse desabafo porque, afinal, eu sou uma nefelibata, uma tola. Minhas asas nunca ombrearão com as tuas. Rio com o sotaque de um trovão de luz. Câmera. Ação. Brincadeira de menina...
Sem mais cena, mas ainda com uma agonia na alma e uma vontade de repisar o não dito, de ter contado 1,2,3,4,5 e mais tempo minha mão pousada em ti, tenho naquele ensaio um ex-voto de que foi só um começo. Um longa-metragem só depende de ti.
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