quarta-feira, 28 de julho de 2010

não-me-quer

pra que serve o Vento
senão pra se fazer lembrar?

pra árvore tremer de frio
a cada assoprada?
a estrela brilhar em esteria
sem
sequer
ser lembrada?

pra que serviu o Vento
senão pra me fazer
[sonhar...

pra despedaçar margaridas,
bem-me-quer
mal-me-quer?

pra que serve o Vento
se não mais balança?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Hélio

tinha um jeito dourado de pronunciar palavra
de tocar lábios,
pisava
de
va
ga
rinho
o céu

nem tocava a nuvem
mas sempre estava lá em cima,
quase todo dossel

nem via quando o vento vinha
só corria
disputando corrida –
brincadeira de quem está apaixonado

na verdade
eu que estava avermelhada de amores,
tola menina da torre
nem via que o que via
era o sol –
a mentira
dos passos largos

a verdade
é que
depois do raio lançado ao coração,
já era

diz a lenda que hélio –
fulguroso do céu
submete as meninas
a arder
pra sempre



[venha raio,
essa eu eu pago pra ver!

terça-feira, 13 de julho de 2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Redentor

uivos,
cachorros,
[tiros

o vento
que venta
esbaforido

Beatles,
abelha noturna!

[ai,
saudades de casa!
o Rio não me fará falta.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

valeuma,

tudo o que vivemos
não representa mais

verdade

Valongo
já foi há tanto tempo!


velozmente
o valente
vento
vo
ou

quarta-feira, 7 de julho de 2010

sota-vento

Na imensidão dos olhos dele, o mar. Lugar onde se ama. Onde o sol perde o rumo. Se acha. Onde nos achamos.

Era outono. Um dia exato de incerteza. Delírios, devaneios tortos ao léu. O vento. Vento brando, trazendo o doce à boca e empurrando minha nau perto dele. Veloz, mas exato não me recordo a velocidade do uivo do vento; sei que era fortíssimo.

E eu estendida no mastro, ali, de frente a ele, tremulava mais que a vela do barco. Foi quando ele chegou ainda mais perto.

Uma foto ali, outra aqui. Fiquei sem graça. O estranho já me cercava em flor, e eu nem sabia o nome dele. Do outro barco, da outra margem da estranheza, o perfume daquele dourado – ele mais parecia o Sol do verão – era como um lótus.

Os flashes dos olhos melados cegaram-me. Quis lançar-me ao mar. Sem pudor. Com pressa. Não queria deixá-lo ir. Queria ser dele pra sempre. No fundo já o era.

Uma brisa errante, então, como aquela do Cerrado - pleno veleiro de vento -, transbordou minha loucura. A de nós dois! Ele se lançou primeiro ao mar, encorajando-me a ser a sereia dele. Eu, nem querendo saber se era um pirata, um espírito de luz, ou o quê. Acreditei que fosse um deus grego, e fui.

Fui dele até que a correnteza dos ventos alísios me resgatasse daquela tirania insensata, de amor que só deve durar uma estação e se cumpre pra ser contada - pra sempre - como um mar de
[amar.